Estudante surdo é primeiro mestre em Administração da Universidade de Fortaleza
Trabalho final do aluno foi aprovado com nota 10 e louvor, no último dia 19, na Universidade de Fortaleza
Contribuir para derrubar as barreiras das desigualdades e para
promover a inclusão social por meio de suas próprias pesquisas. Estas
são algumas das metas de Fábio Benício Nogueira, 33 anos, o primeiro
mestre surdo em Administração de Empresas da Universidade de Fortaleza
(Unifor), do Ceará e do Brasil. “Sinto orgulho e felicidade por essa
conquista. Meu choro, no momento da defesa da dissertação, não foi de
tristeza, e sim por mais essa superação”, diz Fábio.
Emocionado com a conquista, Fábio Benício Nogueira já se prepara
para concorrer a uma vaga no doutorado da Unifor em 2013 Foto: Lucas de
Menezes
Intitulada “Políticas Institucionais e Ações Inclusivas nas
Universidades: Análise das Condições de Acesso para Discentes Surdos”,
sua dissertação foi aprovada com nota 10 e também louvor, no dia 19
último na Universidade de Fortaleza (Unifor).
O estudo, feito ao longo de dois anos, traz dados quantitativos sobre
a população surda cearense e brasileira. Aponta, por exemplo, que o
Estado do Ceará lidera o ranking de alunos com surdez, com 30%, quando
no Brasil a taxa média é de 23%.
Os resultados da pesquisa dizem respeito à inclusão e à
acessibilidade nas universidades e sobre a população surda de uma forma
geral. A professora doutora Mônica Tassigny, titular do Programa de
Pós-Graduação em Administração da Universidade de Fortaleza, foi a
orientadora do aluno. “No século XXI, a Universidade incorpora grande
responsabilidade com a democratização e a promoção da igualdade na
sociedade. E ao possibilitar a realização do mestrado para esse aluno ou
outros que enfrentam algum tipo de barreira, a instituição sai da
teoria e concretiza a inclusão”, acrescentou a professora.
Mônica Tassigny observou, ainda, que algumas iniciativas e adaptações
foram necessárias para possibilitar o ingresso do servidor público no
curso, com destaque para adaptação do Edital da Seleção para o Mestrado,
que passou a incluir a acessibilidade linguística, ou seja, aceitou a
Língua Brasileira de Sinais (Libras). “Com isso, foi possível mostrar
que o surdo é tão capaz quanto as demais pessoas e que suas pesquisas
têm valor e rigor científicos”, citou.